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Fartura, terra sem limites: enquanto o povo padece, a Câmara sustenta os gastos do ex-prefeito Zé da Costa passeando em São Paulo

Enquanto parte da população de Fartura segue lutando pelo acesso ao básico garantido por lei — como transporte digno, atendimento em Saúde e uso adequado dos recursos públicos — episódios envolvendo autoridades e veículos oficiais têm gerado indignação e levantado questionamentos sobre transparência, prioridades administrativas e responsabilidades institucionais.

Na manhã do dia 17 de novembro, ganhou repercussão a circulação do ex-prefeito Zé da Costa utilizando um carro pertencente à Câmara Municipal de Fartura. A cena, registrada em São Paulo, reforçou a percepção de que veículos públicos têm sido tratados como propriedades pessoais por alguns agentes públicos, em desacordo com a destinação oficial e o interesse coletivo.

O episódio que gerou insatisfação entre parte da população envolve a utilização de um veículo oficial da Câmara Municipal em uma viagem de Fartura até a capital do Estado. A comitiva era composta pelo presidente do Legislativo, Bruno Guazzelli Durço, pela vice-prefeita Regina Célia Erustes Costa e seu esposo, o ex-prefeito José da Costa.

Segundo populares, o grupo teria utilizado o automóvel institucional para participar de uma cerimônia de entrega de honraria ao Dr. Cláudio Mansur Salomão. A situação levantou questionamentos sobre a finalidade da viagem e se houve, além do evento, a apresentação de pedidos de emenda ou outras agendas oficiais.

O uso do veículo público para deslocamentos fora do município tem motivado críticas e provocado debates sobre transparência e responsabilidade no emprego de recursos públicos.

A polêmica se soma a outros episódios envolvendo automóveis alugados pela administração municipal. Veículos de alto custo e padrão elevado, contratados por meio de processos licitatórios, estariam sendo usados além da finalidade institucional e, em alguns casos, danificados durante supostos episódios de direção sob efeito de álcool. Moradores relatam que um desses carros teria sofrido danos severos após um acidente, permanecendo desde então guardado, fora de circulação — enquanto a população enfrenta dificuldades para conseguir transporte para consultas, exames e procedimentos.

No setor da Saúde, denúncias se acumulam há meses. Veículos que deveriam servir exclusivamente ao transporte de pacientes estariam sendo utilizados para fins particulares ou em horários fora do expediente, contrariando normas e prejudicando o atendimento à população. Ao mesmo tempo, moradores relatam situações que expõem a falta de prioridade com quem mais necessita. Um dos casos que mais causou comoção foi o de uma mãe e seu recém-nascido, que após realização de parto cesariano na Unesp de Botucatu, retornaram para Fartura de ônibus, sem transporte adequado fornecido pela Prefeitura, conforme determinam protocolos de atendimento humanizado e assistência pós-parto.

Para muitos munícipes, o contraste é evidente: carros de luxo para alguns, ônibus para quem mais precisa.

A sensação geral é de frustração. Eleitores que acreditaram em mudanças estruturais afirmam que a gestão atual não apenas deixou de cumprir promessas de campanha, como teria agravado problemas que deveriam estar sendo solucionados. Some-se a isso a dinâmica política interna: embora Fartura conte, simultaneamente, com três figuras de peso no campo político-administrativo — prefeito, ex-prefeito e presidente da Câmara — moradores comentam que o “majoritário seria o que manda menos”, evidenciando a disputa por espaços de poder e a dificuldade de coordenação entre as lideranças. Uma realidade, tem secretários e comissionados mandando mais que o próprio prefeito dentro da prefeitura.

Diante desse cenário, cresce o clamor por investigações formais, esclarecimentos públicos e mudanças urgentes na forma como os recursos e o patrimônio municipal vêm sendo administrados. Enquanto isso, a população de Fartura — especialmente a mais vulnerável — continua aguardando que o interesse público prevaleça sobre privilégios particulares.

Vale ressaltar que o munícipe e jornalista Luiz Rogério Alvarenga solicitou através do requerimento de número 1026/2025 protocolado no último dia 02 de outubro de 2025 e que, até o exato momento não obteve resposta da Casa de Leis.

O requerimento apresentado pelo jornalista solicita informações em quatro frentes principais: Gastos com viagens oficiais, discriminando valores de alimentação, pedágios e hospedagem; Despesas com combustíveis, indicando quantidade de abastecimentos, data, valor e local; Custos com manutenção e pneus do veículo oficial da Câmara, com detalhes sobre tipo de serviço, data, valor e fornecedor; Relatório consolidado dos custos totais de cada viagem, relacionando todas as despesas envolvidas.

O pedido destaca que tais informações são essenciais para o acompanhamento da execução orçamentária do Legislativo e para o exercício da fiscalização social por parte dos cidadãos.