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Será que o crime compensa? Em Fartura veremos nos próximos dias

Relatório da CPI contra o vereador Luiz Timburi será votado nesta sexta às 10h e pode expor, de vez, o rumo ético da atual legislatura.

Muito se fala que o Brasil é o país da impunidade. Especialmente quando o assunto são os chamados crimes de “colarinho branco”, praticados por políticos que acumulam regalias pagas com dinheiro público, contam com proteções garantidas pelo cargo e se valem de acordos internos que os blindam até diante de condutas incompatíveis com o decoro.

Fartura vive um período de turbulência desde a posse da atual administração e de uma Câmara “renovada”. Prometeram muito e, até agora, não entregaram nada.

O Portal Notícias da Divisa acompanha desde o início o caso que envolve o vereador Luiz Martins de Oliveira Margonato, popularmente conhecido por Luiz Timburi (PSDB), detido pela Polícia Militar em um veículo com placas adulteradas por fitas e carregado com quarenta e cinco placas de grama. Ele trafegava de madrugada logo após o DER registrar boletim de ocorrência sobre furto de grama às margens de uma rodovia. Difícil chamar de coincidência.

O caso chegou à Câmara Municipal. Uma CPI foi aberta, composta pelos vereadores José Sildemar Fabro (PL) como presidente, Juliano Damasio (PSDB) como relator e Paulo Leonardo Maia Latanzio (PSB), como membro. As investigações avançaram, autoridades foram ouvidas e o denunciado exerceu seu direito de defesa. No fim, o relator apresentou seu parecer.

Segundo Juliano Damasio, as oitivas deixaram claro que o vereador Luiz Timburi praticou atos incompatíveis com o decoro parlamentar. A imagem da Câmara foi exposta por uma ação no mínimo irresponsável, agravada pelas versões desconexas apresentadas por Timburi ao longo da comissão.

A sessão que vai julgar o relatório ocorrerá na próxima sexta-feira às 10 horas, horário que, na prática, dificulta a presença da população que trabalha, propositalmente ou não, é uma maneira leviana de afastar a população do Plenário. Segundo apuração, o membro da comissão, vereador Leo Maia, posicionou-se contra o relatório sem apresentar parecer formal. A atitude reforça a postura que adotou desde o início do mandato: omissão, ausência de resultados e submissão como massa de manobra.

Resta saber como se comportarão os demais vereadores. Muitos que antes defendiam moralidade e bons costumes passaram 2025 inteiro desmentindo o próprio discurso. Soma-se a isso a possível troca de favores envolvendo outro vereador que também responde por quebra de decoro após, acompanhado de sua família, ameaçar um munícipe em via pública. Se nada mudar e a Justiça não intervir, tudo indica que ele votará para salvar um colega esperando ser salvo depois.

A sexta-feira revelará se, em Fartura, o crime compensa. Se a lei que valia para uns deixou de valer para outros. O fato é que o município atravessa um ambiente nebuloso, marcado por conchavos que beneficiam todos, menos quem deveria estar no centro das decisões: o povo de Fartura.